UM CÉREBRO NO CORAÇÃO
- andre benevides
- 20 de dez. de 2024
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O coração é muito mais do que um simples órgão responsável pela circulação sanguínea. Um estudo revelou a existência de uma complexa rede neuronal dentro dele, atuando de forma independente do cérebro. Esse "mini-cérebro" pode ser a chave para entender algumas doenças cardíacas e, futuramente, desenvolver novos tratamentos.
Tradicionalmente, acreditava-se que o coração respondia apenas aos sinais do sistema nervoso autônomo. No entanto, pesquisadores do Instituto Karolinska e da Universidade Columbia descobriram que o coração possui uma rede nervosa interna altamente sofisticada, capaz de regular diversas funções cardíacas, incluindo o ritmo do coração, sem a intervenção direta do cérebro.
Os cientistas estudaram essa rede intracardíaca usando o peixe-zebra como modelo animal, devido às suas semelhanças com o coração humano em estrutura e função. Utilizando diversas técnicas, eles mapearam os neurônios presentes no coração do peixe, revelando uma organização complexa e uma diversidade de funções.
Entre os neurônios identificados, destacam-se os marca passos cardíacos, essenciais para a manutenção do ritmo cardíaco. Localizados principalmente na válvula sino auricular, esses neurônios são cruciais para a regulação de ritmos fisiológicos como a respiração e a locomoção.
Contrariando suposições anteriores, o sistema nervoso intracardíaco não se limita a retransmitir sinais; ele interfere ativamente na regulação das funções cardíacas. Essa descoberta desafia a visão tradicional do sistema nervoso autônomo no controle do ritmo cardíaco e abre novas perspectivas para entender disfunções cardíacas.
O estudo sugere que a interação entre esse "mini-cérebro" e o cérebro pode ser fundamental para a adaptação do coração a mudanças fisiológicas, como exercício ou estresse. Os pesquisadores também investigam como perturbações nessa rede neuronal podem estar ligadas a doenças cardíacas, como arritmias.
Outro aspecto intrigante desta pesquisa é a possibilidade de identificar novos alvos terapêuticos. Uma melhor compreensão do papel do sistema nervoso intracardíaco pode levar ao desenvolvimento de tratamentos mais específicos para doenças cardíacas, especialmente no que diz respeito à regulação do ritmo cardíaco.
Os trabalhos realizados com o peixe-zebra estão avançando na compreensão dos mecanismos do coração, abrindo caminho para descobertas que podem influenciar os tratamentos de doenças cardíacas. Com a continuidade das pesquisas, os cientistas esperam esclarecer o papel exato dessa rede neuronal única e suas interações com o sistema nervoso central.
Esse avanço no estudo do coração tem o potencial de transformar paradigmas atuais e oferecer novas soluções para patologias cardíacas. Eventualmente, isso pode até resultar em uma revolução no tratamento de arritmias e outros distúrbios do ritmo cardíaco.
Fonte: Techno Science - Descoberta: o coração possui seu próprio cérebro 🧠
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